A professora Nadir Nogueira foi eleita, na noite de quarta-feira (16), a primeira reitora mulher da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em 53 anos de instituição. A vitória da candidata foi confirmada, por volta das 23h, pela Comissão Eleitoral da consulta prévia à comunidade acadêmica.
Nadir integra a chapa 2, com o professor e vice-reitor eleito Edmilson Moura. Ela concorreu com outras duas chapas: a 1, formada pelos professores Lívia Nery e Welter Cantanhêde; e a 3, composta pelos professores Flávia Lorenne e Viriato Campelo (atual vice-reitor da UFPI). Todas as chapas foram encabeçadas por candidatas mulheres.
A candidata escolhida pela comunidade acadêmica já ocupou duas vezes o cargo de vice-reitora da UFPI, entre 2012 e 2020, na gestão do ex-reitor Arimatéia Lopes.
Apesar da vitória na consulta prévia, o nome de Nadir Nogueira e das candidatas Lívia Nery e Flávia Lorenne serão ainda submetidos ao Conselho Universitário (Consun) da UFPI, que deverá encaminhar a lista tríplice ao Ministério da Educação (MEC).
O Ministério é responsável pela nomeação da nova reitora. Assim, mesmo que Nadir tenha sido escolhida pela comunidade acadêmica, o MEC pode decidir que uma das outras duas candidatas assuma a reitoria da universidade, como aconteceu em 2020 com a nomeação do professor Gildásio Guedes: ele foi o segundo colocado na lista tríplice na consulta acadêmica de 2020, mas foi nomeado reitor pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).
A chapa vencedora irá administrar a universidade entre 2024 e 2028. A nova administração da UFPI vai substituir a gestão do atual reitor Gildásio Guedes, que está à frente da universidade desde 2020 e cujo mandato termina no fim de 2024.
A eleição para a reitoria da UFPI acontece em meio à greve dos servidores técnico-administrativos, que reivindicam recomposição salarial, e aos protestos realizados por estudantes, que exigem melhorias na infraestrutura e segurança da universidade.
Greve dos servidores
Quanto à greve dos professores da instituição, um dos movimentos que mais tem gerado dúvida entre estudantes e mesmo docentes, a Associação dos Docentes (Adufpi) informou que há um “indicativo/construção de greve aprovado sem data de deflagração”.
Os grevistas requerem:
- reestruturação das carreiras;
- recomposição salarial;
- revogação de normas relacionadas à educação que foram aprovadas nos governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022), como o Novo Ensino Médio;
- reforço no orçamento das instituições de ensino e reajuste imediato de auxílios estudantis.
Além da UFPI, os técnicos-administrativos e professores do Instituto Federal do Piauí (IFPI) também estão em greve desde 15 de março. Na Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), há greve dos técnicos, mas não dos professores.
Protestos dos estudantes
Um grupo de estudantes da UFPI realizou manifestação na reitoria da instituição, na Zona Leste de Teresina, no último dia 7 de maio. Os estudantes conseguiram forçar a entrada e ocuparam o salão nobre do prédio. À tarde, foram recebidos pelo reitor Gildásio Guedes.
Durante a reunião, houve discussão de diversos pontos apontados como mais problemáticos pelos estudantes, como a situação da residência universitária, os casos de assédio registrados nos corredores da instituição, a falta de energia e os problemas constantes na rede de internet Wi-Fi utilizada pelos alunos.
Ao fim da conversa, uma ata foi assinada marcando uma nova reunião, para esta quinta-feira (16), com representantes dos estudantes e o reitor, para uma deliberação mais detalhada sobre os problemas apresentados. A reitoria foi desocupada logo depois.